Dia 16 Maio acordei ás 6 manhã para me deslocar á Praia da Adra em Viana do Castelo, objectivo, ver o último dia de provas do Eurojunior de 2010. Era a minha primeira experiência numa prova destas, mas a o principal motivo era que uma aluna minha e do meu clube estava a representar Portugal e tinha chegado á finalíssima do Bodyboard Feminino Sub 18 o outro ponto de interesse era ver se finalmente a nossa Selecção Nacional de Bodyboard e Surf conseguia tirar o título aos franceses. Ao longo de 9 dias acompanhei a prova pela net, a minha aluna começou mal, fez dois heats a surfar 25% do que sabe, mas lá passou para a finalíssima, falei com ela a semana toda depois daqueles heats porque achei que ela não estava bem, tinha falta de ritmo, estava meio nervosa, piquei-a, trabalhei muito a cabeça dela durante toda a semana, dei-lhe o apoio que ela precisava. Já na praia e com toda a responsabilidade nela em cima por ser a primeira tuga dentro de água nesse dia, não surfou o que soube, mas foi imperial na maneira como dominou o heat e conseguia ali o primeiro título para Portugal naquele Eurojunior e o seu merecido título Europeu. Os pais da Ana sofreram e toda a selecção naqueles últimos minutos, a mim veio-me a lágrima aos olhos por a ver vencer a prova, prova que nem estava nos seus objectivos competitivos para este ano. Adiante, depois destas emoções queria ver os restantes heats de bodyboard como os de surf, verifiquei logo á saída da primeira final a grande cumplicidade que existia com toda a selecção, toda sem excepção, grande espirito de união(vi bodyboarders a levarem surfistas em braço e vice-versa, lindo). Com o desenrolar das finais, cheias de portugueses, fui observando outras coisas, para mim a mais importante, a preparação dos atletas e o apoio a eles dado fora do corpo técnico da Selecção e compreendendo agora algumas escolhas do seleccionador nacional de Bodyboard. Os atletas de surf foram a minha grande surpresa, claro que sei que o treino do surf está muito mais avançado, mas fiquei impressionado com atletas como Kikas Morais e Vasco Ribeiro. estão preparados para provas deste calibre e superiores, são super atletas, concentrados e o mais importante do que tudo têm aquele olhar mortal que sabem o que querem para si. Mas já lá vamos a estes dois, nas duas finais seguintes de bodyboard, depositava uma esperança de pelo menos ver mais um título em Bodyboard, o de Pedro Neto Silva, que tinha feito uma prova certinha até á final, mas durante o heat achei-o muito perdido e acusou um bocado a pressão e falta de experiência em grandes palcos. Os adversários do Pedro já têm outro andamento, correm mundiais e europeus á vários anos, mas mesmo assim acho que o Mauro (7º lugar) como o Pedro (3º lugar) fizeram um bom trabalho mas ficou aquele gostinho de estar tão perto daquele título, daqui a dois anos têm outra hipótese. Na final Sub 18 percebi a tão controversa escolha do Robalo pelo seleccionador, eu próprio não concordei, mas tenho a dizer que agora percebo a escolha e dou a valorização devida a essa escolha, porque um campeonato destes não é só surfar bem e estar bem fisicamente, o psicológico é um factor decisivo nestas provas e o Robalo (4º lugar) têm sempre um forte apoio no seu treinador e é sem dúvida um dos maiores factores a ter em conta. O heat não correu bem logo início, lutou e mostrou tudo o que sabe e por isso dou-lhe os parabéns por mais um excelente resultado, para continuar a evoluir, têm que ir surfar mais direitas e fazer umas viagens ás Canárias porque a garra ele têm-na, quanto ao Tó Cardoso(5º lugar) acho que tudo o que se passou nos últimos meses com ele o afectaram um pouco, não estava em forma e cometeu um erro no heat, que pronto, é das pessoas não marcarem os outros, mas nestas provas grandes temos que saber por isso de lado. Mas nestes heats á excepção da Ana e do Robalo, senti sempre os Bodyboarders muito perdidos com falta de apoio, não da equipa técnica nacional, mas a presença simples dos seus treinadores na praia pode afectar muito o comportamento num heat como trabalhar outras pequenas coisas, eu por exemplo comecei a preparar a Ana para estas provas há mais de um ano quando sem hipóteses de passar heats a coloquei a competir e a viajar no ETB ou no Mundial apenas com 16 anos. Também acho que o corpo técnico têm que acompanhar um pouco os atletas depois de os seleccionar, estar com eles antes das provas, passar um dia com eles na terra deles, isso ajuda a conhecer o atleta e não nos devemos fiar só no talento dos atletas.
No Surf adorei os heats e coloquei-me como fâ incondicional de dois atletas que já falei aqui, mas comecemos pelos mais novos de sub 14, não conhecia o Tomás Fernandes, tive o prazer de acompanhar a final dele com os pais, miúdo simples, dotado tecnicamente, sabe onde meter prancha e já mete o tail muito á frente do bico, gostei muito da atitude do Tomás merecia um pouco mais na sua melhor onda e talvez não tivesse terminado em 4º lugar. Na final Sub 16, foi um deslumbramento, afinal há extra terrestres portugueses no surf e ele chama-se Vasco Ribeiro, velocidade animal, chuta o tail e água em todas as manobras, têm um arsenal de manobras áreas impressionante, não falha manobras, linha de onda que faz inveja aos mais velhos e depois aquela força brutal pouco habitual para um miúdo de 15 anos, soberbo, aliado a tudo isto uma humildade acima da média, surfa para ele e diverte-se, têm aquele olhar de menino inocente mas determinado. Os seus treinadores David e Telmo a meu ver os melhores treinadores portugueses de surf, amigos de longa data e eu mesmo aplico nos meus atletas algumas técnicas deles, estão de parabéns pelo atleta e homem que estão a construir, daqui a dois anos não tenho dúvida que temos o Vasquinho campeão outra vez. Quando a final de sub 18 foi para a água, já se sabia que para Portugal ser campeão o Kikas Morais e o José Ferreira teriam que ficar nas duas primeiras posições, tensão alta, muito alta, o José Ferreira surfista muito consistente daquilo que conheço dele, começou com força e logo se destacou, Kikas veio logo atrás a partir a loiça e a meio do heat dominava já a final, deixando o italiano em combinação e o francês a precisar duma nota boa. A poucos minutos do fim com o francês a precisar dum 6.05, apanha uma merreca do inside , executa um areo 360 reverse cai na base da onda e manobra não completada, juizes dão-lhe 6.33 e começa a revolta. Tudo o resto que aconteceu naquela praia foi no calor do momento e de injustiça. A única coisa que não concordei com a Selecção foi o boicote que fizeram e não deixaram os atletas irem receber os seus prémios, foi uma tomada de posição em protesto, compreendo mas também devemos pensar nos atletas que não têm contratos milionários. Gostei de ter visto aquele dia de Eurojunior apesar de não ter terminado da melhor maneira, é uma prova muito boa para os jovens e deve ser uma grande experiência a participação naquela prova.
Parabéns a todos jovens que participaram neste Eurojunior, daqui a dois anos há mais e espero com mais um ou dois figueirenses presentes.
Força, vontade de vencer e muito trabalho, 9.5 na final.
A vida é bela!NT
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