8 de abril de 2010

Uma grande e modesta paixão pelas ondas!


No dia 19 Março recebi um sr. email, vindo dos confins de Angola, do meu caro colega de ondas, o sr. Pratas da Nazaré, foi um grande email desta pessoa que tal como eu é um grande apaixonado por ondas e em especial pela Praia Norte na sua terra.
Foi um email crescido, maduro, sincero e além de tudo cheio de saudades das suas ondas ou pelo menos duma onda, é que o sr. Pratas por razões profissionais está longe do mar, no interior de Angola e como todos sabemos nunca é fácil ressacar da falta de sal das ondas. No email o sr.Pratas falou de muita coisa, de Bodyboard, da vida, do passado e do futuro, de Vocesses, dos miúdos nas ondas, de respeito e de amores comuns, mas o que mais me deixou a pensar e orgulhoso foi o sr. Pratas se ter referido a mim e outro grande Bodyboarder Nazareno, o Natal, com respeito e carinho de quem significou muito na sua evolução no Bodyboard. Mas como escrevi no email de resposta que lhe escrevi, não fiz nada demais, apenas o fiz e faço por amor ás ondas.
Em 1992 fugi de casa nas férias da Páscoa para ir a um campeonato de Surf e Bodyboard Inter-Escolas na Nazaré, esses campeonatos eram famosos sobretudo pelas grandes noites de loucura e pelas Nazarenas ficarem loucas com gente de fora e o pessoal da Figueira era sempre muito bem recebido por haver algo que unia ambas as cidades, pesca, loucura e o mar. Eram noites loucas e as ondas e o campeonato ficavam normalmente para segundo lugar. As noites eram tão loucas que um dia fomos todos presos por estarmos todos juntos á noite a curtir na praia, o problema foi mesmo depois a loucura continuar á porta da esquadra. Mas nesse ano foi tudo especial, já tinha algum fascínio por ondas grandes, naquela altura era para aí 2 metros uma onda grande!!!!! No dia anterior ao campeonato ouvi-se os pescadores a dizer que vinha lá uma levada de mar muito grande, então nessa noite deitei-me cedo para os padrões de loucura na altura, 2 da manhã. Acordei ás 8 da manhã e senti uma maresia e um barulho muito forte, fui á janela e deparo-me com uma onda da altura do prédio a partir a 200 metros de mim, fiquei maravilhado, estava no 3º andar dum prédio junto ao centro da Nazaré na altura o apartamento era dos pais do Rui dos Frangos. Fiquei enfeitiçado e desci rapidamente para a praia, onde toda a gente estava a chegar da noite, a Cabeça da Moiteira e as Pedras estava gigante, nunca tinha visto ondas tão grandes na minha vida, nos padrões de hoje estava para aí uns 4 metros, pouca coisa!
Fui rapidamente buscar o fato e entrar sem pensar em nada, via-a já alguns “pros” da altura de Peniche a entrar, ao chegar na praia e  ver todos “pros” a levarem na cabeça com aquela água toda, e ao calçar os pés de pato, o meu amigo Vidas chegou ao pé de mim e me disse, se entrares vou já para a Figueira, porque não quero ver-te morrer neste mar. Não entrei logo ali por respeito ao meu amigo, mas desforrei-me no campeonato e fiquei em 5º lugar, fui lá atrás das Pedras fazer umas, amei aquilo tudo e nem levei muito na cabeça. No dia seguinte estava o dobro na Praia Norte. Ficou o fascínio com 18 anos de  idade, anos mais tarde o meu amigo Vidas ainda me diz, os Bodyboarders Figueirenses são todos doidos por andarem arriscar tanto na PN, eu acho que não é doideira é apenas uma grande e modesta paixão pelas ondas, just for the love! Naquela cidade e praia eu  vivi dos melhores orgasmos de ondas que tive na vida, o qual quero continuar a viver!
Dedicado a todos Bodyboarders Nazarenos em especial ao Pratas e ao Natal!
PS se estas em Angola deixo-te este video para ires á procura.
PS do Pratas 
"Envio em anexo, uma foto tirada por mim na PN a dois dinossauros bem vivos no desporto nacional (ainda que sejam pessoas de diferentes vivências, mas no entanto com a tal cena em comum). E mais acrescento, como é engraçado e triste ao mesmo tempo, os putos de hoje olharem p/ o Natal como mais um cota que faz bodyboard, enquanto para mim, já foi um ídolo naqueles tempos em que os ARS ainda estavam somente nas cassetes VHS dos australianos. O que seria de nós (minha geração) e dos putos, se não fossem “VOCESSES”. Eu sei, é a evolução, mas também acho que não devemos esquecer como tudo começou…"

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