Nos últimos 3 anos tive o grande prazer de seguir o único circuito de esperanças que há no mundo, segundo pesquisas que realizei junto a atletas de outros países e pesquisas na net. Devo dizer na minha humilde opinião, que sem dúvida alguma e depois de muitos heats que assisti nestes últimos 3 anos dos mais novos, de algumas sessões de free surf com muito deles e depois de conhecer muito deles como pessoas, estamos presente da melhor geração de bodyboarders desde da altura que o nosso desporto que nos deu a conhecer bodyboarders como o Manel Centeno, Rui Ferreira, Luís Pereira, Hugo Pinheiro, Silvano Lourenço, Hugo Nunes, Hélio Conde, Rita Pires, Catarina Sousa e tanto outros. Existe pelo meio uma geração de outros bodyboarders muito talentosa, como o Pitaça, o Jaime Jesus, o João Pinheiro ou Gastão Entrudo. Mas os meus 20 anos de Bodyboard e o meu humilde conhecimento sobre o nosso desporto me diz que a geração que agora está a sair dos Sub 14 é simplesmente demolidora nas ondas, seja em Free surf como em competição e está provado que na última prova do Circuito de Esperanças na praia do Sul e Norte da Nazaré os miúdos simplesmente elevaram os limites.
Podemos dizer que estou a falar só de competição, não, refiro-me também ao free surf, já que partilhei com eles muitos line ups desde Supertubos, á Praia Norte, passando por Espinho, Praia Grande ao Algarve, Carcavelos e Ericeira(Cave). Digo-vos que realmente há miúdos de tenra idade a surfarem muito em qualquer tipo de ondas na nossa costa e que estão com muita vontade de ultrapassar as barreiras competitivas e de free surf. Mas as coisas não são só elogios para esta nova geração e muito deles precisam melhorar muita coisa porque a vontade, a técnica e a garra está lá, mas a transição para o Open é muito importante e muitos bodyboarders perdem a vontade de evolução e explorarem o seu talento tanto no free surf ou na competição quando deixam de ser Esperanças. O porquê disto? Na maior parte das vezes falta de preparação dos próprios atletas, em termos psicológicos, ou falta de investimento neles próprios ou a falta de pica porque as coisas em campeonatos open são mais a doer, não há heats fáceis, são todos finais. Por exemplo a geração de Pitaça, Jaime e outros que já falei, estão nos tops dos diversos rankings, mas estão a destacar-se mais no free surf, com um resultado aqui e acolá, estão a demorar a substituir a geração do Manel e Hugo Pinheiro, apenas o João Pinheiro conseguiu bons resultados no ETB, mas pelo menos estão lá a lutar, o Bodyboard competitivo evoluiu muito e hoje em dia não basta surfar bem e temos dois bons exemplos, Manel e Hugo Pinheiro, alem da técnica e garra olham para eles próprios, têm apoio a nível psicológico e trabalham muito o seu nível de motivação.
Mas voltando aos mais novos, os actuais treinadores que andam com os miúdos no esperanças já englobam o aspecto que falei atrás, preparar os miúdos a todos níveis, até na situação da marcação ao adversário, pode ser muito controverso e falta de ética ensinar miúdos a marcar o seu adversário e passar heats apenas porque marcam o seu adversário, mas faz parte do jogo e os miúdos apreendem rápido. Pessoalmente acho muito grave ensinar um miúdo a marcar o outro quando não têm linha de onda, só sabe surfar para um lado, mas marca sempre o seu adversário no heat. Aqui reside o principal problema desta geração que vêm para partir tudo, a falta de linha de onda. Nestes 3 anos vejo miúdos com títulos nacionais que não sabem surfar ondas como a Praia Norte ou mesmo Supertubos etc. Derrapam em ondas que é preciso trabalhar as pernas e a linha de onda, não têm leitura de onda e o mais grave de tudo, aparece um tubo e nem sabem acelerar ou controlar a sua linha dentro do tubo. Este é o problema duma geração que sabe surfar muito, fazem todas as manobras aéreas, batem bem no lip em qualquer onda, mas por exemplo não sabem fazer um cutback com estilo e linha. Ok são miúdos e estão apreender, mas apreendendo isto cedo vão ser mais do que bons bodyboarders, podem ser os melhores do mundo, em competições e free surf. E acredito que esteja ali talvez um campeão do mundo. Outra coisa que eles têm que apreender a investir em si próprios mas sempre sabendo que o Bodyboard não lhes vai pagar as contas e tendo em conta que têm trabalhar a dobrar do que os tops portugueses trabalham hoje em dia para chegarem e ficarem lá em cima por muito tempo, porque simplesmente o Bodyboard está com um nível absurdo. Os treinadores, FPS, APB e pais têm uma grande responsabilidade nisso, criar condições para eles explodirem, principalmente depois dos 18 anos, claro se explodiram antes e ganharem uns títulos ainda melhor.
Há outro fenómeno curioso que reparei no circuito, que os mais novos nas diversas zonas do pais têm o seu nível bem vincado conforme as ondas da sua terra, até aí tudo bem, mas já reconheci nesta geração diversos bodyboaders que o seu surf está mais variado do que o normal, demonstra que querem surfar outras ondas e viajam mesmo que seja só dentro do país e outros já têm possibilidade para irem para fora.
Voltando ao circuito de 2009, os campeões deste ano foram os mais merecidos de sempre, num circuito que teve ondas razoáveis em todas as provas. As ondas pequenas da Povoa mas com excelente formação, o Castelejo com a força dos close outs e um Tonel muito bom, Sesimbra no seu melhor, close outs, o flat da Figueira, ás rampas e tubos do Cabedelo, o meio metro normal da Costa e as boas ondas da Nazaré. Houve de tudo e os miúdos não desfraldaram as expectativas surfaram muito em todas as provas e nas duas últimas foi um espectáculo. Claro que ainda há aqueles heats iniciais de seca, mas a partir duma certa fase é o vê se te avias!
Digo sem receio que o nível feminino no esperanças este ano está mais elevado do que o Open e a confirmar isso foi na última etapa do Open que nas meias finais as veteranas marcaram as mais novinhas á força toda para poderem passar heats. Houve uma evolução grande nas meninas e a campeã Madalena Pereira trabalhou para conquistar o título, foi a que surfou mais e esteve mais concentrada em todo o circuito.
Os miúdos no Sub 14, estão de parabéns é aqui que está o verdadeiro tesouro, houve um campeão mas todo o top 10 poderia e merece ser um dia campeão nacional, seja que onda for, aqui foi onde esteve o melhor nível do circuito, pareciam atletas do open a surfar como gente grande, houve luta até ao fim pelo título e o nível subiu muito. Devem ter reparado que comecei nas meninas descendo o escalão etário, porque não irei me alongar muito no Sub 16 e Sub 18, já que acho que o nível nestas duas categorias devia estar mais elevado, os heats mais apertados só surgem nas meias finais e finais. Vou referir que os dois melhores esperanças da actualidade estão nestas categorias e ambos se tornaram campeões nacionais porque quem trabalha como o Daniel de Peniche e o Tó da Nazaré, costuma-se dizer a seu dono o título pertence. Campeão de Sub 16 e Sub 18 respectivamente. Se os míudos de sub 14 partem, estes dois são a perfeição e a destruição ao mesmo tempo, o Daniel que não têm treinador junto com ele nas provas apenas uns pais dedicados, a meio do circuito deu-lhe um click e a partir daí esbanjou categoria, humildade, força de vontade e um surf radical, fluido e bonito. Têm linha de onda, um talento fora do normal e sabe o que quer e trabalha para isso, mereceu e para o ano os candidatos ao título de sub 18, em ano de Eurojunior, têm que olhar para o Daniel e contar com ele para candidato muito sério ao título. No Sub 18 venceu o melhor, o mais trabalhar, o mais radical, o mais humilde e o mais talentoso bodyboard esperança que Portugal têm na actualidade, o pequeno Tó da Nazaré. Num ano que o Tó pôs mãos á obra, apostou e investiu tudo em si, foi sozinho para os Mundiais europeus e teve excelentes prestações, lutou e concerteza que vai terminar o ano nos melhores 40 do Mundo, isso reflectiu-se no seu título de Sub 18, foi o melhor em todas as etapas mesmo não vencendo todas, surfa bem para os dois lados com beleza e radicalidade, aposta muito no free surf em ondas boas, mas também nas más ondas, dá cartas, mereceu mais do que ninguém este título já que a injustiça da vida foi contra ele e problemas pessoais quiseram o derrubar. Não o derrubaram, lutou e merece o convite para o Special Edition. Estes dois miúdos se quiserem evoluir mais ainda precisam urgentemente irem ao Havaii e os seus patrocinadores devem olhar para isso, investir neles. Nos bebés do circuito, houve boas surpresas também aqui os miúdos estão a partir a loiça e sem complexos nenhuns para se atirarem aos lips na praia sul, venceu o mais experiente e o melhor dos mais pequenos o Fritadas da Nazaré. Acho que toda a gente deve olhar para esta nova geração com olhos de ver e ajuda-los a serem melhores, é o papel dos mais velhos, treinadores, patrocinadores, APB e FPS. Proporcionando condições para eles evoluírem. Porque pouca gente sabe a realidade do que se passa numa prova do esperanças e há muito menosprezo pelo surf que estes miúdos hoje apresentam. Por isso meus senhores e minhas senhoras tenham, muita atenção a nomes como Madalena Pereira, Teresa Almeida, Lara Shencker, Mauro, Evandro Mirão, Filipe Ferreira, Bernardo Esparteiro, Gonçalo Pinheiro, Daniel de Peniche, Tó da Nazaré, Dino Carmo, Bogdan Goleminov, Fritadas, Bessone e muitos outros por esse Portugal fora, eles estão a chegar e querem quebrar barreiras, mas há que trabalhar muito. Força ai!
Uma última palavra á FPS penso que era importante rever muitas coisas neste circuito, há que inovar e fazer coisas diferentes e não cair na pasmaceira de ter sempre o mesmo modelo de circuito e pessoas.
Tó rolando.
A vida é bela!NT
3 comentários:
Grande texto!
Cocas
muito bom texto trovão :)
e o miguelito adão como se tem portado?
pensava que ele ia tar num dos lugares de cima a lutar pelo titulo.
Pelo menos no free surf tem surfado bem, está a evoluir.
Continua a escrever assim...Boa escrita :))
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